Quando li a matéria sobre o aumento de divórcios de ontem da Folha, tomei um susto. 46% de aumento é muita coisa, não?

As explicações para o fato são as facilidades para se obter o divórcio a partir de 2010. Hum, isso não me convenceu. Havia, então, uma "falta" de divórcios no passado por conta da burocracia? Casamentos eram desfeitos na prática, e não na formalidade?
O susto me fez desconfiar da informação. Não que ela estivesse incorreta, acredito que o IBGE tenha publicado um número bom, mas que estivesse pelo menos incompleta.
Fui até a fonte da qual o jornal se baseou, o IBGE, e logo percebi que realmente faltava uma variável nessa conta, as Separações Judiciais. Notei que esses eventos, perto de 100 mil por ano até 2009, foram praticamente extintos em 2011. Veja o gráfico do total de dissoluções de casamentos abaixo:

Agora todo ficou mais claro. O número a ser noticiado seria 16,5% de aumento de dissoluções e não 46% (só divórcios). Precisamos complementar as explicações dadas na matéria, os divórcios aumentaram porque as facilidades fizeram migrar Separações Judiciais para Divórcios, é isso. E Isso não aparece em nenhum parágrafo do texto da Folha.
Ah, Folha, gosto muito de você, mas vamos lá: pau na matéria!
Até
Roberto
Não podemos acreditar em tudo que é publicado. Temos que ir aos fatos.
ResponderExcluirGostei da análise, esclarecedora.
abraços,
Graça
Obrigado, Graça! Apareça sempre!
ResponderExcluirGostei do seu gráfico, ficou bem bacana. Fez em qual software? Fez no R?
ResponderExcluirManoel, usei o Minitab. Modifiquei o formato default para melhor visualização. Obrigado pelo feedback!
ExcluirParabéns pelo gráfico. A análise é muito interessante. Definitivamente não podemos acreditar em tudo que lemos. Esse exercício de análise crítica é fundamental.
ResponderExcluirA informação parcial pode ser muito perigosa. A complementação da informação foi fundamental para esclarecer a notícia.
ResponderExcluirParabéns pelo belo trabalho!
Maurício Murari