10/mar/2011 – Reportagem de primeira página diz que USP é preterida por 25% dos alunos selecionados.

10/mar/2011 – Na mesma edição, segue matéria “Um em cada quatro aprovados desiste da USP” tentando explicar esse resultado através de várias hipóteses, sempre com a tendência de apontar desprestígio da universidade em função do suposto grande aumento de desistências.

11/mar/2011 – Nota no site da Fuvest contesta os dados da Folha, apresentando a tabela contendo os “treineiros” considerados indevidamente na análise, e revela que o valor que a Folha deveria ter publicado é de 16% e não de 25%. Veja em: http://www.fuvest.br/vest2011/informes/ii162011.html
16/mar/2011 – No editorial da edição, “Alerta na USP”, o jornal continua cutucando a USP. Mesmo dizendo que dados poderiam estar errados, o jornal levanta três fatores para explicar o fenômeno: alunos optando por faculdades de elite mais prestigiosas, estudantes de poucos recursos preferindo locais mais próximos de seus domicílios ou trabalho e perspectiva de inserção rápida no mercado de trabalho.
23/mar/2011 – A matéria “Fuvest convocou 479 alunos sem ensino médio para a USP” esclarece os dados equivocados: “Esses alunos inflaram dados sobre desistência na USP; mesmo assim, abandono de aprovados é recorde: 16,35%”. Note que, para a correção, usaram outro tipo de gráfico:

24/mar/2011 – Na coluna Tendências e Debates de título “A Preferência pela USP” a pró-reitora da USP, Telma Zorn, se defende explicando que “A complexidade dos fatores nos obriga a realizar uma profunda anamnese, que dê informações precisas sobre as causas do fenômeno" e afirma estar em andamento "consulta direta àqueles que não se matricularam.”
27/mar/2011 – Em “Esnobando a USP” a Ombudsman do jornal puxa a orelha da reportagem porque não seguiu o manual de redação e deveria realizar a correção na sessão “Erramos”.
Duas conclusões, então:
Pau na Análise 1) Antes de se levantar hipóteses a respeito de resultados encontrados, uma hipótese básica deve ser sempre verificada: a de que os dados podem estar incorretos.
Pau na Análise 2) Várias hipóteses foram levantadas, todas vindas de fontes muito especializadas e confiáveis, mas continuam como hipóteses. Há que se esperar o resultado da pesquisa com os desistentes para se realizar uma boa análise. Melhor seria se tivéssemos pesquisas de outros anos para comparação.
Por enquanto, meus amigos, vale mais a pena ver "Muito barulho por nada". Viva Shakespeare!
Até,
Roberto
Roberto
ResponderExcluirGostei da sua postagem, ela trouxe a tona um aprendizado que tive tanto na interação com a imprensa como enquanto executivo.
Tanto no jornalismo quanto no mundo empresarial, uma hipótese levantada com eloquência por 3 ou mais vezes vira uma verdade. É uma estratégia muito comum utilizada por quem quer destruir algo, preste atenção.
Abraço.
Roberto, adorei a referência à peça de Shakespeare. Aos amigos leitores recomendo ver o filme de mesmo nome com o excelente ator e diretor inglês Kenneth Branagh.
ResponderExcluirAbraço
Renata